quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Uso de água em mineradoras latinas

Legislações mais duras sobre o uso da água e a escassez do recurso emalgumas regiões estão fazendo com que mineradoras na América Latinadesenvolvam tecnologias que permitam uso mais racional, além debuscarem fontes hídricas alternativas com custos mais elevados.
A oferta de água se tornou um obstáculo em muitas regiões demineração ao redor do mundo e, na América Latina, o Chile é umproblema à parte, já que muitas das operações de cobre do maior produtor mundial estão localizadas na zona desértica no norte.
O professor da Universidade do Chile Jacques Wiertz, especialista emrecursos hídricos na indústria de mineração, diz que os esforços empesquisa feitos pelas companhias do setor estão focando em engenhariae soluções técnicas que reduzem o consumo de água nas operações eelevam a reutilização.
“O uso eficiente de água e a gestão responsável dos recursos hídricosestão no centro das atenções por parte das mineradoras”, disse Wiertzem entrevista à Reuters.
“E isso é principalmente um problema de custo. Os gastos comoperações como desanilização e o tratamento da água para que elaalcance padrões de qualidade exigidos pelas novas regulamentaçõesestão crescendo”.
A maior produtora de cobre do mundo, a estatal chilena Codelco,concorda com o especialista.
“Esse é um desafio crescente para a indústria”, disse Jose PabloArellano, presidente-executivo da empresa.
“Nossos esforços se concentram na eficiência do uso e no tratamentodos efluentes. A Codelco já tem assegurado fornecimento de água parasuas operações, mas isso não significa que não devamos colocar todanossa atenção nessa questão”, acrescentou.
Mesmo no Brasil, país que de forma geral possui boa oferta derecursos hídricos, novas legislaçòes elevaram os custos.
“Todo dia aparecem novos projetos que definem um uso mais racional daágua”, afirma Rinaldo Mancin, diretor de Assuntos Ambientais do Ibram(Instituto Brasileiro de Mineração).
Ele disse que o fato de as empresas atualmente terem que pagar maispara usar água de mananciais pesa em alguns projetos.
“Algumas vezes um projeto torna-se inviável. O custo da água podedebilitar a saúde financeira de algumas operações”, afirma,acrescentando que essa situação faz com que empresas incrementem a reutilização.
Segundo ele, 90 por cento das empresas operadas pela Vale reutilizamágua. “Já que já está pago, melhor reutilizar o quanto puder”.
Mas isso não evita críticas à mineradora. No mês passado a ONGbrasileira Defesa da Vida incluiu a Vale em um ranking das 10empresas que mais poluem água no Brasil. A mineradora disse que orelatório não possui base científica.
Mineração a seco: um sonho - Wiertz diz que no Chile a principalalternativa no momento é o uso de água do Oceano Pacífico, como temfeito a Antofagasta Minerals na mina Esperanza, no norte do país.
Esperanza vai utilizar cem por cento de água do mar quando começar aoperar, em 2010. A empresa controladora construiu um duto de 145quilômetros para levar a água até a mina, além de estações dedesalinização.
Cerro Lindo, nova grande mina no vizinho Peru, opera exclusivamentecom água do mar.
“Mas para operações localizadas longe demais do mar e em elevadasaltitudes, isso não seria solução”, disse Wiertz, que estácoordenando um evento a ser realizado em junho em Santiago sobre agestão de água na mineração, o WIM2008.
“Mineração a seco continua sendo um sonho e poucas pesquisas têm sidofeitas nesse sentido. Água ainda é necessária em quase todos osestágios da mineração”, disse o especialista. (Fonte: Estadão Online)

Texto obtido no site www.crispassinato.wordpress.com , de Profª Cristiana de B. Passinato